quarta-feira, 12 de março de 2008

As lágrimas de Messi

Pelo terceiro ano consecutivo, o astro argentino do Barcelona, Lionel Messi, ficará (tudo indica) impossibilitado de participar na caminhada da sua equipa pela Liga dos Campeões. Depois de o ano passado a equipa ter sido eliminada cedo e de, há duas épocas, se ter lesionado precisamente nos oitavos-de-final e de não mais, até à final, ter conseguido recuperar, voltou este ano a contrair uma lesão nos oitavos-de-final, numa eliminatória que o Barcelona, uma vez mais, superou. Não sei se a lesão deste ano implicará um tempo de paragem igual à de há dois anos, mas quase toda a caminhada do Barcelona estará, certamente, perdida. O argentino, um dos melhores do mundo e, sem dúvida, um dos jogadores que mais entusiasma, hoje em dia, o verdadeiro adepto de futebol, saiu do terreno lavado em lágrimas. A cena foi mesmo comovente: aquele miúdo, que o mundo do futebol já aprendeu a respeitar, rendeu-se à pequenez humana, a uma pequena, mas decisiva lesão, a um claro sinal de como o corpo humano é frágil e pode, a qualquer momento, trair-nos, e chorou compulsivamente. Com as mãos tapando o rosto, pranteando como uma criança perdida da mãe, foi confortado pelos colegas. Acredito que não sentiu nenhum gesto de apoio, nenhum aplauso, nenhuma palmadinha nas costas. Na sua cabeça, estaria apenas a dor de não poder continuar em campo, muito maior que a dor física, e a raiva, a impotência perante tamanho azar. Até nisso o futebol nos mostra o quão injusto pode ser: há jogadores que fazem falta, que não mereciam lesionar-se nunca. Mas assim foi. Como Aquiles, fatalmente atingido no único ponto do corpo que o poderia matar, Messi não pôde continuar a jogar. Saiu a chorar, como se não lhe restasse mais do que deixar escapar a frustração. As lágrimas foram do argentino, é certo. Digo eu, porém, que aquelas lágrimas são de todos aqueles que sentiram, ao mesmo tempo que o pequeno génio chorava, que se passara algo de profundamente errado nos desígnios divinos.

1 comentário:

Anónimo disse...

O melhor do mundo!