quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Pereirinha só pode jogar na ala?

Sobre a utilização de Pereirinha a defesa-direito, por lesão de Abel, sugeriu-se que talvez fosse mesmo a sua melhor posição e que deveria ser utilizado sempre como tal. António Tadeia, a esse propósito, afirmou que Pereirinha era um jogador de ala e que, apesar de já ter sido utilizado no meio-campo nas selecções jovens, considerava que ele não poderia jogar senão nas alas. Que argumentos utilizou António Tadeia? A velocidade. Segundo Tadeia, Pereirinha é rápido, logo tem de jogar na ala. Ou seja, Thierry Henry andou toda a carreira enganado: com aquela velocidade, deveria ter sido extremo. Significa isto que, para António Tadeia, se um jogador é rápido, só pode ser extremo. Se houver velocidade, não interessa mais nenhum atributo. Brilhante! Além de este ser um raciocínio completamente absurdo, conheço alguns extremos que foram extraordinários e que não eram especialmente velozes.

Embora Bruno Pereirinha faça com correcção a ala, é opinião minha que a sua melhor posição é no centro do terreno, ou como interior, ou como médio mais ofensivo. Nas camadas jovens e no Olivais e Moscavide, alternava entre as duas posições, cumprindo em ambas, mas é no meio que, creio, todas as suas potencialidades podem ser exploradas. É, penso, demasiado inteligente para jogar preso a uma ala, embora aí possa tirar partido da sua velocidade. O erro de António Tadeia é, assim, consequência de uma de duas coisas: ou não conhece Pereirinha como deve ser e não lhe reconhece outros atributos dignos de nota além da velocidade, o que faz com que esteja errado, ou entende o futebol como uma máquina fragmentada na qual cada peça tem a sua função e a sua especificidade. Achar que um jogador rápido é jogador de ala é achar que as posições em que cada jogador joga são determinadas pelos seus atributos físicos. Isto é errado. Da mesma forma que um ponta-de-lança não tem de ser grande, um extremo não tem de ser rápido. E, ao contrário, da mesma maneira que um jogador grande não tem de ser avançado, um jogador rápido não tem de ser extremo. António Tadeia, como em outras ocasiões, poderia ter permanecido calado, mas não o fez. É caso para dizer: com tantas ideias geniais, deveria ser filósofo!

5 comentários:

João Gonçalo disse...

No decorrer do jogo, assim que ouvi Tadeia a tecer tais comentários pensei em vocês... e partilho cada vez mais a ideia que Tadei é realmente um otário! Mesmo! Torna-se irritante, se bem qe ainda lhe falta um bocadinho para chegar ao calcanhares da triste Leonor Pinhão...

Enfim, em relação ao Bruno... confesso que ainda não vi nada dele... Mas continuo à espera de uma oportunidade séria que o Bento lhe dê...

Abraços

João Gonçalo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

acho que nao vale a pena perder tempo com este senhor. Qualquer pessoa que o ouça com regularida percebo logo que ele não pesca nada de bola! alias, uma das minhas maiores diversoes no futebol é comentar com os meus amigos os disparates dele. Se reparaem ele so diz cenas banais e evidentes que qualquer um
descortina. depois enfeita isso com uma carrada de disparates mesmo ridiculos.
sou um grande fã dele. Muitas vezes vejo os jogos que ele comenta so mesmo pra me rir.

cumprimentos

Anónimo disse...

Pois, mas ele aqui até acertou; o Pereirinha é um tipico jogador de ala, é rapido, tem bom drible curto, centro de gravidade baixo, bons rims ecentra bem...tudo para ser um extremo ou um lateral, tem parecencias com o simao nas caracteristicas...e esse rendia muito nas alas ;)

Nuno disse...

O ponto aqui não era discutir se Pereirinha era jogador de ala ou não. Eu acho que é e tenho argumentos para o achar. Já lá vamos. O que escrevi foi sobretudo uma reacção ao que o Tadeia disse. Segundo ele, o Pereirinha deveria ser ala porque era rápido. Isso pressupõe que qualquer jogador rápido tem de jogar nas alas. Isso não é verdade. Além de um extremo não ter de ser necessariamente rápido, qualquer jogador noutra posição pode ser rápido e ter mais coisas. É verdade que o Pereirinha tem tudo isso: é rápido, excelente no um para um, centra bem e é por isso que ele é bom na ala. Mas tem mais coisas, e coisas que são mais úteis para jogar no meio, como a inteligência. O drible curto, por exemplo, é muito mais característica de quem joga no meio do que quem joga na ala.

Há, contudo, uma coisa errada na apreciação da posição de um jogador. A posição não é determinada pelos atributos físicos e técnicos dos jogadores. Não é por ser rápido, tecnicamente evoluído e cruzar bem que um extremo é extremo. A posição é determinada, isso sim, pelos seus atributos mentais e, quando muito, pela relação destes com os atributos físicos. Um médio ofensivo de boa qualidade tem de ter visão de jogo, inteligência, criatividade, imaginação, etc. Com isto, pode ser pequeno ou grande, fraco ou forte, tecnicamente prodigioso ou banal, rápido ou lento. Nas outras posições acontece o mesmo. Um extremo que tenha inteligência e perceba as necessidades da sua posição não precisa de ser rápido. Costuma-se dizer que os laterais têm de ser rápidos. O Rui Jorge era super-lento e foi o melhor lateral esquerdo português dos últimos 15 anos. Porquê? Porque era inteligente, porque tinha os atributos mentais certos para jogar naquela posição. Queres quantos avançados pequenos e geniais? Quantos defesas pouco corpulentos que se tenham destacado? Pereirinha tem características físicas e técnicas apreciáveis num extremo. Mas mentalmente é médio-ofensivo e será sempre muito mais extraordinário enquanto jogar no meio...